Por que a Nike está matando o "just do it"?

Na edição 136o da Gossip Marketing: Fim do "just do it", personal shopper de IA da Ralph Lauren, o tráfego orgânico do Google está despencando e muito mais...

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Resumo para preguiçosos:

  • Fim do "just do it"

  • Personal shopper de IA da Ralph Lauren

  • O tráfego orgânico do Google está despencando

👟 IA – Por que a Nike está matando o "just do it"?

A Nike acaba de fazer uma grande mudança por meio de um pequeno detalhe sutil: mudou o slogan que acompanha a marca desde 1988. Por que ela está matando o "just do it"?

  • A Nike está reformulando "Just Do It", slogan que é lema da marca desde 1988, numa nova campanha chamada "Why Do It?" (Por que fazer isso?).

  • A campanha foi criada pela Wieden+Kennedy Portland, parceiros de longa data da Nike, segundo comunicado à imprensa.

  • O filme principal tem 60 segundos e apresenta imagens em câmera lenta de atletas de alto desempenho em momentos-chave, com narração do artista Tyler, The Creator.

  • A mensagem "Por que fazer isso?" visa engajar e incentivar jovens atletas em um clima marcado por conflitos sociopolíticos e pressão econômica.

  • A campanha conta com quase uma dúzia de estrelas globais, incluindo Carlos Alcaraz, Saquon Barkley, Caitlin Clark, LeBron James e Vini Jr.

  • Será lançada em todo o mundo em uma variedade de formatos com amplificação social por meio de marcas e atletas.

  • A iniciativa surge quando a Nike trabalha para realinhar sua marca em torno do esporte, após registrar queda de 10% na receita de 2024 e expectativa de impacto de US$ 1 bilhão em tarifas.

  • Tyler, The Creator foi escolhido porque é visto pela Gen Z como figura cultural pioneira que inspira através da autenticidade, evolução artística e quebra de padrões no hip-hop, moda e design.

Por que isso é quente?

Essa mudança é assertiva porque captura exatamente onde a Gen Z está mentalmente. Em um mundo saturado de "hustle culture", onde todo mundo manda você correr atrás sem parar, a Nike pergunta: "Qual é o seu motivo?".

"Just Do It" era um comando, um grito de guerra focado na ação. "Why Do It?" é uma pergunta, um convite à introspecção. É a mudança do "o quê" para o "porquê".

O timing com a conversa sobre saúde mental é perfeito. Um simples "Apenas Faça" pode soar insensível para quem está lutando com falta de motivação ou ansiedade. Ao perguntar "Por quê?", a Nike reconhece que motivação não é automática e que a luta interna é real.

Tyler, The Creator como narrador não é coincidência. O cara é conhecido por vulnerabilidade e criatividade, exatamente o oposto do atleta "super-herói inalcançável" do marketing esportivo tradicional. A marca não está mais ditando, está dialogando.

E tem algo mais profundo rolando aqui: a humanização da performance. As imagens em câmera lenta focam no processo, na dor, na dúvida - não só no resultado final.

O consumidor comum que corre para aliviar estresse pode não se identificar com a vitória olímpica, mas se identifica profundamente com o "porquê" por trás do esforço.

Do ponto de vista estratégico, mexer no slogan mais icônico da história é arriscado, mas a recompensa é gigantesca. A Nike sinaliza que não está presa ao passado e gera uma quantidade absurda de conversa espontânea (tipo agora).

Considerando que a marca está perdendo relevância lançando tênis e campanhas um atrás do outro, esse slogan é quase uma boia para si mesmo.

🤖 IA – Ralph Lauren quer que o seu próximo estilista pessoal seja um chatbot de IA

A Ralph Lauren decidiu que você precisa de um estilista pessoal 24/7 e criou o "Ask Ralph", um chatbot de IA que promete ser seu comprador e consultor de moda personalizado. Deu a louca no setor de moda?

  • O "Ask Ralph" está disponível para iOS e Android nos EUA desde hoje, usando o sistema Azure OpenAI da Microsoft.

  • O chatbot pode responder perguntas sobre dicas de estilo e criar looks selecionados e compráveis diretamente das coleções da marca.

  • Ele também consegue criar um guarda-roupa a partir de perguntas abertas tipo "O que devo vestir para um show?" e refinar os resultados conforme você dá mais informações.

  • O bot cria sua personalização baseada no histórico de compras, faixas de preço desejadas e interações anteriores, mas também se baseia "na personalidade carismática do designer, ethos americano e foco na autenticidade".

  • A Ralph Lauren já havia tentado o "Pergunte ao Ralph" no início dos anos 2000 com videoconferência com vendedor real. A experiência nunca decolou, mas o lema de "recriar a experiência de trabalhar com um vendedor Ralph Lauren bem treinado" continua sendo o norte da marca. (eles sempre foram pioneiro no uso de tecnologia)

  • Para a versão de IA, a empresa trabalhou com arquivos, equipe criativa e funcionários das lojas para tornar o chatbot o mais próximo possível da realidade.

  • David Lauren espera que o chatbot gratuito incentive clientes que não são da Ralph Lauren a baixar o app, servindo como ferramenta de marketing para atrair a Geração Z para polos e blazers.

Por que isso é quente?

A Ralph Lauren está basicamente tentando resolver o maior dilema do e-commerce: como fazer você gastar mais sem parecer que está sendo empurrado para o precipício financeiro. E olha, a estratégia é bem esperta.

Compras baseadas em rolagem vs compras baseadas em intenção.

A diferença é gritante. No modelo tradicional, você rola, rola, rola até algo chamar sua atenção (ou até sua paciência acabar). Com o "Ask Ralph", a marca inverte o jogo: em vez de você procurar, ela te faz conversar sobre o que você realmente quer. É como ter aquele amigo chato que sempre pergunta "mas pra que ocasião mesmo?", só que agora ele te vende roupa.

Sabe quando você entra numa loja online e fica 20 minutos olhando 847 opções de camisa social? O chatbot corta essa neurose pela raiz. Em vez de navegar linearmente por centenas de produtos, você simplesmente fala "preciso de algo para impressionar meu chefe" e pronto, ele entrega looks prontos e compráveis.

A jogada mais genial aqui é que a Ralph Lauren transformou atendimento ao cliente em ferramenta de aquisição. David Lauren foi bem transparente: o objetivo é fisgar a Gen Z que nunca pisaria numa loja física da marca. É como se eles tivessem criado um personal shopper que trabalha 24/7 de graça, mas que coincidentemente só conhece produtos da própria loja.

Diferente daqueles filtros básicos de "tamanho e cor", o Ask Ralph analisa seu histórico, orçamento E ainda incorpora "a personalidade carismática do designer". 

É quase como se o próprio Ralph Lauren estivesse ali te dando dicas, só que sem o constrangimento de gastar R$ 800 numa camisa na frente dele.

A grande questão é: será que outras marcas vão seguir o exemplo ou a Ralph Lauren vai ficar sozinha nessa de "personal shopper de bolso"? Porque se isso virar tendência, adeus tardes perdidas navegando em sites de moda sem rumo.

📊 Google – "A web aberta está em rápido declínio", admite o Google em tribunal (depois de meses negando)

Durante meses, o Google ficou repetindo que a web estava "prosperando", que a IA não estava prejudicando ninguém e que seu buscador estava mandando gente para mais sites do que nunca. Mas aí chegou a hora de ir ao tribunal...

  • Em um documento judicial da semana passada, o Google admitiu oficialmente que "a web aberta já está em rápido declínio".

  • Essa confissão aconteceu durante um julgamento que vai determinar como a empresa deve lidar com seu monopólio no setor de tecnologia publicitária.

  • O Departamento de Justiça dos EUA está recomendando que o Google desmembre seu negócio de publicidade, mas a empresa argumenta que isso seria péssimo para todo mundo.

  • No documento, o Google afirma que o desmembramento "apenas aceleraria" o declínio da web aberta e "prejudicaria os editores que atualmente dependem da receita de publicidade gráfica da web aberta".

  • A empresa justifica dizendo que o mundo mudou desde janeiro de 2023: "a IA está remodelando a tecnologia publicitária em todos os níveis" e formatos como TV conectada e mídia de varejo estão explodindo.

  • Segundo o Google, os concorrentes estão direcionando investimentos para essas "novas áreas de crescimento", deixando a web aberta para trás.

  • Quando questionada pelo The Verge, a porta-voz Jackie Berté disse que a declaração foi "escolhida a dedo" e "deturpada", alegando que se referia apenas à "publicidade em display na web aberta" e não à web como um todo.

  • Plot twist: isso contrasta frontalmente com meses de narrativa do Google sobre como as buscas na web estavam saudáveis e prósperas.

  • Diversas editoras digitais e proprietários de sites independentes já vinham relatando quedas brutais no tráfego após mudanças no algoritmo do Google e a ascensão dos chatbots de IA.

Por que isso é quente?

O Google basicamente fez o que toda empresa faz quando é pega na mentira: mudou a versão dos fatos quando conveniente.

Mas a confissão em tribunal vai muito além de uma simples contradição, ela expõe uma mudança estrutural gigante no marketing digital que muita gente ainda não se ligou.

A admissão do Google confirma o que editores e profissionais de marketing já estavam sentindo na pele: o tráfego orgânico está morrendo e o CAC (Custo de Aquisição de Cliente) vai explodir.

Com a queda do tráfego "gratuito", as marcas terão que pagar para serem vistas. A competição por esse espaço publicitário limitado dentro das respostas da IA será acirrada, e isso significa uma coisa: dependência total das plataformas como Google e Microsoft.

Mas o problema vai além do custo. Quando você visitava um site, a marca controlava a experiência completa - o design, a mensagem, a história que queria contar. Agora a IA atua como um "resumidor" que agrega informações do seu site com reviews, fóruns de reclamações e até artigos da concorrência, apresentando uma visão consolidada e, muitas vezes, simplificada.

Sua marca premium pode ser comoditizada numa resposta de 30 segundos que foca só em especificações e preço, ignorando completamente os diferenciais que você gastou anos construindo.

E aqui entra um dilema cruel: se o cliente não visita mais seu site, como você vai coletar dados primários? Email, comportamento de navegação, preferências, tudo isso vira história.

A personalização e o remarketing ficam comprometidos, deixando as marcas com menos inteligência sobre seus próprios clientes. Quem vai ficar com esses dados? Exato: Google, Microsoft e outras "donas dos chatbots" que centralizarão todas as informações de intenção de compra dos usuários.

É exatamente por isso que marcas como Ralph Lauren estão correndo para criar seus próprios chatbots, como o "Ask Ralph". Uma vez que a IA vai controlar tudo, ter sua própria inteligência artificial vira questão de sobrevivência.

(Esse é um bom dia para ser um criadora de newsletter e ter uma audiência livre de algoritmos de IA)

🔥 O que andou aquecendo por aí:

Gmail: está lançando uma nova aba "Compras" para facilitar o rastreamento de pacotes de e-commerce pelos usuários. (o maior que nós temos!)

Podcast: a startup, Inception Point AI, consegue produzir cada episódio de podcast por US$ 1 ou menos e já conta com mais de 5.000 programas em sua rede Quiet Please, produzindo mais de 3.000 episódios por semana. (aonde vamos parar com tanto volume?)

Burger King: criou milk-shake proteico com whey sob o conceito "Até nossos shakes ficaram bombados", adicionando whey protein aos sabores tradicionais de morango, chocolate, doce de leite e crocante.

Instagram: o pesquisador Alessandro Paluzzi descobriu uma opção no código que permite adicionar um link a uma publicação, enquanto Adam Mosseri confirmou que o algoritmo não irá mais penalizar longas sequências de stories.

WhatsApp: está testando um recurso que organiza as respostas das mensagens em tópicos estruturados.

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